Thursday 18 February 2010

defendo os opressores


defendo os opressores, como um relâmpago de consciência fácil e provocadora. adoro os afáveis conteúdos, completos e espacial mente corruptos. outrora deito-me nos panos mais desleixados do canto obscuro e danço. para dizer ao mundo uma palavra de ordem. revolução. basta de existencialismos, basta de meias palavras, basta de encobrir a miséria com pormenores elaborados. entrando na casa deixada ao abandono, persigo sem memória o tempo vasto das sombras. os dias sem ti. o rosto obscuro, das entranhas presentes. cada perseguição uma entrada no perfeito calvário. uma palavra um sonho desfeito, mas a realidade não é só isto. é um encontro, um olhar perfeito e cheio, uma ida até aos céus, um encontro surpresa, nas manhãs deleitosas de domingo. cada dia é um mágico cardápio. sem perceber, cada mulher, é um par de sorrisos sem face. é mais tarde, já bem noite, os bichos saem e mordem, como uma criança com os primeiros dentes. porto_23.11.2008

cada dia uma acumulação de passados


cada dia uma acumulação de passados, logo à entrada do sonho um deleite sentado. faz falta dizer, chamar as coisas pelo nome. faz falta acordar os espíritos e salvar as marés deitadas. novos encontros, paralelos, de mares. a verdade é essa e continua. sem passado, sem encontros. a vigilância sente-se e a juventude promete um desfile encontrado sem palavras. duas mulheres pernoitam, num encontro fugaz. olhos quase nos olhos e a memória de um presente sem fascismo energético. muitos amigos, poucas propostas. novos rostos e a vontade desperta de amar. fecho um olho e sigo a musicalidade do relógio. mais um destino. sempre. mas para sempre é muito tempo. encontra apagado no passado uma canção de amor. amigos de leitura, de cerimónias. depois do reencontro a procura. dias para recordar familiares, espectáculos encantadores e frenéticos. encontros com o luar e sombras a romper as peles dos tambores da noite. qual embalo enganador este da escrita livre. cada encontro é amigável até o sexo fazer dele um ritual sanguinário. então estaremos dispostos a valer o saber descoberto, sem perduras. para cuidar de um encontro equilibrado, ao redor dos sabores mais subtis, deambulando ao sabor latino do vento. quarto com musica italiana, um filho sem pai e a promessa de um encontro amoroso com um sonhador. cada mistério é uma colaboração perdurável nos dias sentidos, no calor misterioso dos respirares constantes. um suspiro e toda a sociedade muda. um fechar de olhos e a cultura abraça com seus dedos húmidos a revolta silenciada dos filhos de pais separados, demasiadamente ocupados a cuidar da solidão. cada lágrima uma chama, uma pedra de fumo denso e encorpado, a perpetuar o encalço enfuscado nas presenças puras e doces, do ser iluminado. a passagem é uma âncora virada para o norte, dos dias sem espuma. encontro uma miragem, o teu luar deixado para o místico palhaço. o homem com suas fragilidades. berlim_25.10.2008

Friday 12 February 2010

abri o espírito à loucura


abri o espírito à loucura de mergulhar no campo emocional complexo e disperso. cada amigo, uma pérola a fractalizar. quando telefono à minha mãe, deixa de ser amiga e passa a ser um inimigo a abater. confuso este sentir ambíguo. desde sempre está um amigo, outras uma projecção raivosa, surpreendente desgosto, numa sensação extrema destabilizadora. corrupção simples do sorrir. um partido corrupto sem ambições e magnânimo. entrego-me, falo e sinto um amor imenso, pelo senhor do café. as mulheres falam de roupa, coisas fúteis, como o número de prateleiras da cómoda e o lugar onde colocam as cuecas e peúgas. e eu aqui, procurando a simbologia do espaço a justificação do tempo e a personificação dos animais, como o veado dourado, a tartaruga ou a lagartixa. cada palavra um mito, escondo as passagens do tempo, validado num casebre sombrio e gasto pelos anos de prisão à chuva, ao vento. promessas de uma viagem. entrego-me ao movimento perpétuo da dança universal. tento de relance descodificar os significados submersos nas conversas da mesa ao lado, numa tentativa sôfrega de compreender, ou até o mundo, como na vida secreta das imagens. cada encontro uma entrada. cada saída um golpe violento no estômago vazio das crianças, criadas pelo dissabor, ausentes dos dias sem medo, das passagens para o outro lado do espelho, como na história da Alice. a passagem é uma descoberta dos dias que se tornam vida, desligados das histórias missivas, dos romances absurdos e macilento, dos contos passados à lareira de inverno. um amigo, uma promessa de ajuda e os papeis se invertem em direcção ao encontro jovial e fraterno. lentamente, ao sabor destas palavras, o café esvaziou-se e ficou uma música: `tenho todo o tempo para ti´ e depois da palavra proibida, recessão, resta o amor, pois o material é efémero. porto_08.10.2008

cabeça tomba


cabeça tomba, sonho com a morte de uma amiga, sua cremação e detalhes intensos. mágica descoberta do sossego distinto e frio. quantas vantagens tem um planalto indissociável do interior mago e doce. quantas dores uma manhã sangrenta e o olhar dos casais duros, mas cheios de medo. sonhei alto, para cair no encontro paralelo aos postigos baixos da personificação sonhadora. o meu sonho é escrever, mas cada palavra é um casal doce e lenta cada memória, mais atrasada e bifurcada como as serpentes insipientes da juventude. como se amizade fosse mortificada pelo medo da morte. no outro dia o seu lugar, sem ser livre e desperto na solidão dos dias passados à lareira, sem amigos. primeiro as viagens, depois os livros. conto-me cada esperança, sem dedos, num encontro, fruto dos dias sem passado. o futuro encolhe-se no carnaval, diário e passivo. uma mulher solta-se, outra encara a vida, sem passar ao lado da imensa procura d diálogo, com os cavaleiros andantes. porque não me encontro contigo, amiga do luar? assente nas diferenças amorfas do passado. uma menina procura o encontro educado e castrado dos sentidos perenes. uma senhora com sapatos vermelhos, inventa a floresta e eu escrevo, numa angústia profunda para sobreviver ao caos da cidade. porto_06.10.2008

Thursday 11 February 2010

sobre o som da cidade ao domingo


sobre o som da cidade ao domingo, deito o corpo ao sol, como um lençol branco e lavado e espero. sonho com amigos, acordo a pensar, nas formas mais dispares de ajudar e comparo. depois escrevo, com letra pequena, deitada, bem junta, numa inferioridade ansiosa de protecção. cada dia passa lento, quase imóvel. esperando. esta ideologia de novo século, incomparável e crasso, liturgia navegante sem rumo. as ideologias de educação, potenciam o consumismo assaz e a competitividade de forma impiedosa eficaz e mortal. cada hora sem locução ou medo. ao lado da minha mesa de café está uma mulher que lê o jornal em diagonal, sem ler. quase insulta a empregada, negra. o contacto é de uma opressão indigna. duas formas de ver o mundo e num desvio fatal, aniquilar, sem pena. cada emboscada um pecado fatal e final, deste mundo penosos, mordaz, mas espectacularmente surpreendente. capto um som. uma pena angulosa nos maléficos entraves da cidade. outra vez ultraja-me o sentimento de culpa por existir, sem nada poder fazer para maravilhar. cada disputa uma nova guerra e nem Maquiavel consegue ensinar poções mágicas para a complexidade dos dias passados a informar, a receber a bombardear. a luta ineficaz contra a guerra de dentro um modelo passado de esponjas gastas pelos sorrisos dos dias sem amar. outro lado afugenta o recurso passado numa bengala triste e velha, quase sem dias encontrados à flor da pele, o desgosto pensado e encontrado ao fim da vida. um homem tosse para não dizer amo-te. o outro senta-se para se levantar e voltar a sentar, numa esquizofrenia inominável e bestial. cada dia espero. pausa. outro dia sem saber porquê. agora só a resolução pacífica dos problemas do mundo, pelo conhecimento assaz e incessante do eu. um momento mordaz sem continuidade. outro dia, corre. sem saber de ti. outrora, o cansaço fértil, permite a escrita e abençoa os dias para fecundar. se soubesse escrever um livro, escrevia como faço todos os dias, sem o fazer disciplinado, exigido pelos governantes impositores. depois a calma regressa, a ilusão cómica toma conta das manhãs passadas à frente do computador. o escapismo é a chama solta dos nossos dias e o olhar ao outro faz-se menos, muito menos.crónicas ditas, que ninguém tem tempo de ver. e solta-se um grito virtual realmente desordenado. percebemos finalmente, que juntos podemos mais. resta-nos encontrar tempo para dizer, olha-me sem perder o desgaste sombrio e doce dos dias de domingo. um telefonema e tudo se apaga, na apatia dos dias passados no café, sem esperança da diminuição de vindoura em que a criação recebe uma bola de chocolate, que apenas lhe faz mal, mas tem uma ilusão dentro, um brinquedo, originando novamente o escapismo, lapidando. o mais penoso, são realmente os amigos. a consciência de que a ilusão deles é a minha e seu encontro, per si é a nossa distância. uma bala disparada e fulminante. cada batalha um encontro sem talentos. a ajuda provém de si, não de vós e apenas um pequeno percurso, podemos fazer em nós, com voz ou palavras que ajudam a minimizar a dor ou a animar os olhos já baços pelo cansaço da vida. um amigo é para sempre, pensava eu, na ingenuidade de uma menina provinciana. mas todos acabamos e o senso de toda a vida é muito tempo, interessa viver mais do que para sempre, agora enquanto o sangue ainda pulsa fugaz desde o coração. o menino espirra e todo o seu ser se dilui com ele na esperança aberta de ir, já contente, sem palavras doces, mas com um chocolate e acima de tudo, um brinquedo. porto_05.10.2008

Sunday 7 February 2010

dentro de um copo vive a iluminação


dentro de um copo vive a iluminação. fora do tempo vive uma canção idílica. entre os dois estou sentada, à espera de amigos que nunca chegam, mas escrevem cartas. falta objectividade. entrega. fluxo e acreditar que não há homens fortes. só personagens paradas no lugar, entre a ilusão e a entrega, o presságio e o cumprimento fácil do tempo. aqueles fartos homens paralisados. a revolução é das mulheres, a evolução também. falta o machismo inculcado nas sombras, apagado pela mutilação violenta dos dias passados na sombra. ai, amigo, se os dias voltassem, digam-me atrozes sobre a entrega pretendida, fecharia um olho e faria uma prece. conto um conto na herança atroz e fugidia, como os dias passados sem ti. porto_01.10.2008

abro a janela e lisboa entra-me


abro a janela e lisboa entra-me toda pelos sentidos. razoavelmente iludo-me.sei que aqui pouca coisa me cativa, como numa cidade desconhecida mas familiar. tenho uma amiga, pouco dorme. uma cama e uma situação conflituosa, sem que chegue a descobrir a origem. cada manhã o anseio completo de voltar mais cedo ao seu lugar, seja ele dentro ou fora de si. a cidade acorda lenta e luminosa, como nas descrições dos panfletos turísticos. quero apanhar um taxi, mas acabo no metro ou no barco. quando a amiga se deita, eu me levanto, já escrita. lá fora um polícia vagueia, embalado pelos embriagado pelos primeiros raios de sol e o canto das folhas. pode ler-se ao fundo da rua `Amor, é não haver polícia´. a cidade descobre-se do teu manto nocturno e a pretensiosidade de inventar-la, desmoronou-se na primeira tentativa. tem seus encantos, uns para os turistas, outros escondidos, presentes relíquias da nossa história. o quarto mais pequeno da casa ainda dorme. todo o espaço é um mistério sombrio iluminado pela abertura imensa das grandes janelas, não demorou muito para perceber o segredo. o prédio faz esquina. ventos soltos e energias perversas atravessam o meu corpo. afinal há resposta para explicar a estranheza do lugar, a melancolia dos dias e a necessidade de espreitar cada luar. amor há idílico. os amigos conservam-se como em latas de atum. outros são como vintages esquecidos na garrafeira da memória, para num dia festivo, serem descobertos e se apreciem com espanto: `reparem, guardei esta garrafa, durante 34 anos, agora é o momento de acorda-la !´ qual o espanto de todos os convidas, quando, no fundo da garrafa se viram pairar restos de mosto e a acidez revelou um vintage estragado e mofo, salpicando o céu da boca com travo a desgosto. o vinho é para saborear todos os dias. os amigos descobrem-se e partilham-se. a garrafeira está sempre cheia e os dias são todos festivos. qualquer dia é para nós e esperar fará perder tempo a imaginar. apanho o barco, o metro, o taxi e mergulho na experiência do desconhecido. tenho um novo amigo, ácido e inseguro, critica tudo e faz política convertida em poesia. sabe tanto e deixa de sentir, paga para melhor compreender o incompreensível, acredita sem acreditar no amor, por que lhe faz tão bem. lisboa_28.09.2008

na sofreguidão dos dias frenéticos


na sofreguidão dos dias frenéticos, um homem sonha. ilude-se, protesta e manifesta a insegurança dos dias passados sem saber, apenas na simples memória dos livros. canta o sofrimento, poetisa e engole inconsciente, as memórias de uma adolescência passada, a ser pai. ainda não é amigo, pois o sentimento corre instintivo, entre a luta e a fuga, o encontro e o desencontro das paixões aveludadas pela crueldade real. cada dia é uma ansiedade imprevista. a calma é a inimiga atroz e o sentido encontra-o no movimento. tem ideias, ilusões vastas, desalentos de catarse, fome de guerra e uma revolução que lhe dá sentido aos dias, plenos de aborrecimento. mas a amizade espera-se, semea-se, apaga-se e grava-se. como as unhas e os dentes, cravados no coração. intui-se a dificuldade dos dias, o processo de desgaste e a entrega ao sabor da derrota. um desejo sem mágoa para dizer ao mundo o que nos vai na alma, a escuridão dos dias felizes, sobre a miséria dos outros. para nos sentir-mos melhor. como no comércio justo. ao pisar os outros, sentimos o alento da alma purificada. a rebelião constrói-se sobre a morte do outro. o sofrimento na escola dos dias. a morte no interesse em sobressair. a humildade preserva-se, só com muitos sorrisos. da guerra, fala-se com leviandade, para dizer os mortos, na espuma dos dias. diz-me cruel, o outro também tem um ego e os tempos entre as coisas, fazem-se com tempo. nós não temos tempo, mas encolhemos os ombros, para dizer sim ao encontro fugaz sem despedida ou outro encontro marcado. no movimento, no trabalho, encontramos sentido, vivo, sem precisar, que para é um movimento oscilante. o choro do encontro, a lágrima da vitória, fumo selvagem e doce das recordações de guerra. para nos sentir-mos é preciso escalar a profundeza do ser e buscar a pérola encontrada, dos meninos perdidos na miséria de não ter nada. o encontro do casal, com suas memórias predilectas a cultivar a mente. almada_26.09.2008

um facho de luz reflecte na pele


um facho de luz reflecte na pele dos dias passados a viajar. a mancha vermelha de um sangue jovial, sem passado, esquece o futuro e está ávido de manifestações amistosas. a procura, repete-se, como a história. vezes sem conta. um reflexo expande-se pelo vidro da janela do autocarro. cada dia uma surpresa e todos os dias diferentes de uma vida sem repetições. a dimensão do sonho, o misticismo, e a religiosidade, resistem, numa forma de vida inventada, na guelra da juventude, com ideais utópicos e universalistas. a ti ou aos outros amigos, invejo e prendem-se-me no pensamento, como uma invenção comparativamente reflexiva. cada encontro é como um despertar da primavera inesquecível, não na procura, mas na descoberta consciente. algures na memória habitam, muitos amigos, conhecidos, directos, cínicos, perspicazes, activos e passivos. uma mescla nada linear, confusa, principalmente se pretendo simplificar e catalogar. não há catálogos ou análogos. apenas sinergias inertes ou fugazes. neste limiar do século, entre o passado romântico e a procura da religiosidade cibernética, mora uma utopia, ou a mera necessidade de eterno retorno, própria do ser novo, submerso nas teias emergentes da perspectiva revista. encontro continuamente amigos, pensadores e místicos, ligados ao novo valor enraizado, do amor universal, que vivem do escapismo, como eu, da ilusão perversa, da modificação do mundo, do dia, do minuto de si, do outro e do mundo. cada palavra uma tentativa de aprisionar o sentimento. um sentido sem conteúdo, uma forma sem mudança efectiva em si. acredito vivamente na transformação do indivíduo para um cambio perene do mundo, mas nunca a tentativa de mudar o mundo, sem antes alterar a conduta atroz de si. cada pensamento uma palavra solta, como na crueldade de Artaud. o culminar simplificado, do correr desatinado do pensar. para quê a dialéctica, quando o mundo está condensado numa complexidade imensa de emoções, sentidos e razão. importa repensar o sentido do teatro. do outro. o valor do ego, não obstante ao nosso, para que se possa modificar a conduta e o rumo da sociedade. não acedo a modelos pré-concebidos ou pensamentos considerados elitistas. cada acção ou gesto, condicionado é uma opressão invisível da alma, penada e um julgamento perseguido. ao reencontrar o caminho, simplesmente caminho, com a segurança impecável de quem nada questiona, pois às vezes é necessário decidir e acreditar, dar uma passadas largas, para voltar a perder o caminho, encontrar um amigo e seguir, duvidando. amparando até se poder voltar a passear no caminho certo. no meu coração um reflexo vermelho, assim desperto do sono profundo da dialéctica. caldas da rainha_25.09.2008

Saturday 6 February 2010

entrei num circulo


entrei num circulo de amigos. todos sorriam ao entardecer. cada fulminar da alma uma promessa eterna. ajudei a enaltecer o quadro aparente sem respeitar as regras do novo amor. cada dia um mágico e romântico discurso. à entrada da porta uma planta, significando o presságio de um futuro pleno de felicidade pois apesar de todas as multiplicações é o final desejado por nós. à saída uma esperança, o abraço da amizade familiar. cavalos escuros, acompanham a viagem. tu meu velho, assim pudesse tratar-te para sempre, eterno companheiro, soltas ao nascer da nova lua um grito. por ti espero, sem expectativas mas com a sabedoria eterna de amar assim sem esperar, um reconhecimento aveludado, qual toque, cada palavra um soneto. os amigos são para todos os dias, para sempre e nunca, todos livres e agrilhoados ao presente. sempre sem tempo e com todo o tempo do mundo, para si uma visão empolada, cheia de planos. futilidades do postal escrito, de fugida ao vento quente, beira mar, como se de um compromisso se tratasse. para ti magnífica descoberta na eternidade dos dias, num mundo onde se cruzam milhares, a escrita. atravesso a ponte encontro mais amigos e depois outros e mais ainda. cada um particular na sua essência. mas espero para sempre, mesmo que seja muito tempo. hei-los de todas as denominações. os da família, os do peito, da profissão, do coração. os inimigos, também gerados dos amigos, com os quais já não se caminha e se prefere inimizar, apenas por ser mais prático, do que aceitar que o caminho não é o mesmo e o desenvolvimento se sorveu nas teias da sociedade. acendem-se novas amizades e compreende-se que um cidadão do mundo, tece uma imensa rede, como aquelas das aranhas que deixamos crescer nos cantos dos quartos escuros, anos e anos a fio e um dia, ao arrumar a casa, soltamos das paredes, com a vassoura. mas uma aranha é absolutamente paciente e persistente. assim como num acto altruísta e para nos mostrar que cada fim é um novo começo, no dia seguinte, pela manhã, se voltar-mos ao lugar onde antes se baloiçava uma enorme teia enegrecida pelo pó, e que a vassoura limpou, estará resplandecente e límpida, uma linha cintilante de gotas de orvalho, um novo fio de teia, que não ousamos retirar. porto_25.09.2008

entrei na casa


entrei na casa espalhei os despojos das férias e adormeci entre as saudades e o encolher dourado das variantes sofisticadas. cada despertar nessa tarde parecia um eterno navegar entre as fontes sucintas do entrave amoroso. dias soube que nada enaltecia o meu olhar. palavras atiradas ao virtual e cantares lúdicos de fim de tarde. a ti cantei o hino do amor, sem nunca me esquecer de mim, ou dos outros amigos. um dia enrolei-me num emaranhado de histórias e outro em silêncio sem ninguém. e o ser humano é isto um imenso colectivo ligado em rede, sem trapézio, esperando o novo dia sem expectativas. se o dia não chegar, haverá outro para ocupar o lugar do morto. porto_19.09.2008

uma flor ilumina


uma flor ilumina o cabelo solto da minha amiga. sua vitalidade é como a volúpia de um desejo obscuro. seu ego está absorto pela mais profunda vontade de emergir ao topo de uma sociedade submersa, na dualidade corpo-espírito. o guerreiro, forma-se num corpo quase morto, de borboleta. cada dia é uma nova experiência efémera. esquecidos os dias passados no canal. passamos a tarde á sombra das árvores, num parque de Metz, esperando o momento para fazer sonhar. hieróglifos codificam as emoções, pontas de fogo de artifício abrem os corações na tarde amena de final de verão. depois novamente a escuridão e a solidão após os amigos. quem me ensinou a esquecer as horas dos dias passados a teu lado? a dança dos corpos nus, os olhos, a boca. ah! como sinto os nossos suspiros solenes, amigo para sempre. Metz 30.08.2008


escrevo aos amigos


escrevo aos amigos para dizer nada. uma soma incalculável, um abono eficaz, uma juventude fugaz, multi cultural. na partida uma promessa de reencontro, nas férias, momentos rápidos, onde o passado e o futuro se fundem, num presente sem tempo. face aos acontecimentos , surgem questões que urge manter sem resposta. que ideologias se prometem aos jovens cansados e deitados sobre um ideal que nem Descartes sabe qual. a utopia do reencontro, não corresponde há realidade do ser desencontrado. nesta selva sem indicações, aguardo sentada, passiva e calma o desígnio que quero ler nos sinais repletos de sincronicidade. no desejo apagado, encontro o equilíbrio da negação e na dualidade, a harmonia da salvação. depois complica-ae para se voltar a simplificar, o descontrole do instinto, a fugacidade do encontro dos amigos, pleno de mistificação. na corda bamba da vida, sobe-se a escada da consciência para descer à prisão da animalidade. um dia os acasos surpreendem-nos com a imprevisibilidade da rotura do motor. deixo-te uma pérola amigo, para que saibas que isto, esta essência do ser, sou eu. freiburg_29.08.2008

nas encruzilhadas


nas encruzilhadas da vida encontrei, brevemente, num suspiro pendente, um amigo do outro mundo. cada olhar significava um sonho ou um desejo, uma visão e uma gota de altruísmo amoroso. demasiadamente vago, este amor, dissolveu-se no cosmos, como apareceu, logo na primeira etapa do nosso encontro. cada olhar uma morada de sonho. entreguei-me subitamente à volúpia redonda dos amorosos, conscientes da duração e consumação do amor. esse amigo sabia o que queria. um encontro sexual sem retorno. a intuição desencontrou-se dele na última noite, no parque. a primeira repulsa. a verdade sem conteúdo. berlim_29.08.2008

um amigo visitou-me


um amigo visitou-me de noite, entre o gralhar dos corvos e o levantar do sol. milhares de animais habitavam o seu corpo. dizia-se curandeiro. cada dia um raio de sol ilumina os sus olhos. um lenço transparente cobre o seu rosto. e mais nada sei sobre o amor. um desenho entra em minha casa onde um dardo de sangue faz morrer o meu amante. mato-o nas manhãs pouco quentes do fim do verão. quase amor, deslumbro o amante e amareleço com as primeiras folhas de outono. outro dia e mais um sonho se esvai, num pensamento consciente. nesta história fui mãe, ancorei nos traços lentos do furor da juventude. ai, em alguns anos, pensarás bastante na perda absurda dos milagres e no encontro embelezado das formas corporizadas. hoje só aprendi a sentir. cada dia é mais volátil que o último e no dia seguinte já rejuvenesço, como a fénix. berlim_27.08.2008

Friday 5 February 2010

o sol expande


o sol expande os músculos, na serenidade do pensamento. quando a casa se enche de amigos o sentimento capta as palavras mais profundas e discutem-se os planos do futuro próximo. um amigo bate-me à porta e prepara a minha noite com pensamentos doces. outros dias se reflectem na promiscuidade do correr desatinado da vida. quando se prendem os solstícios da mudança de estação, mais dias se encontram e outros planos preenchem o encanto dos movimentos frenéticos. sem catarses resolvem-se os encontros interiores. outros dias virão para desfocar o caminho e dias mais tarde desfolham-se correntes sem esquinas ou pontos fracos. uma meditação sem final anunciado ou objectivo concreto. alguém terá de enunciar o nosso plano. deitada à sombra dos dias professo leis sem enunciado, encontros desencontrados anúncios sem denunciados. cada dia é um dia depois. e mais nada para dizer senão sobre os desencontros amigáveis, os ideais desenquadrados e as linguagens sem código. berlim_19.08.2008

no centro do corpo


no centro do corpo vive um amigo. ás vezes presente outras no centro do espírito. quando anoitece, uma luz acende as ideias, iluminando o olho ou os dedos. uma lágrima de sangue prende o olhar. dezenas de palavras escolhem os amigos como destino final. quando uma sombra avilta, como num prenuncio de guerra, é nele, no amigo que esquecemos a expectativa de nos perdermos na massa bruta. quando o sol se põe, olhando a janela no entardecer calmo e doce de agua mel. as personagens que nos habitam são amigos ou transformações_____. onde mora o pensamento senão na palma da mão deste ou daquele familiar amigo. outros dias sopram, vento ameno, as casas sem janelas, dias sem aqueles que nos fazem sonhar e sofrer, tal amantes. os amigos transcendem como a primavera ao verão ou este entardecer outonal. brollin 11.08.2008

mostra-me o teu seio


mostra-me o teu seio, disse-me um amigo. amanhã darei o presente merecido, mas primeiro terás de mostrar o teu seio, outra vez. conversas de hotel, já de madrugada, depois do espírito se ter transformado numa amálgama de emoções, sem medo.
confiante, mostrei-lhe o meu sei. rápido mas convincente, este seio que carrego desde sempre no meu peito, mostrou-se tímido, mas confiante. cada noite trás no meu seio um livro, cada palavra um seio, sem leite ou sangue. no centro das palavras a âmago do corpo. cada linha, cada letra o seu correspondente mais chegado. aconchego meu seio no leito lavado e com cheiro a hotel despersonalizado, hoje como ontem, durmo só. cada olhar um lento balançar do peito. para dizer chega, basta abrir e cerrar os lábios. wismar_02_08_2008

tenho amigos a quem crescem flores


tenho amigos a quem crescem flores nas janelas dos quartos. florescem sorrisos nos olhos. apagaram há muito o desejo de crescer e ali ficaram, no preâmbulo da noite, entre o nascer e o pôr do sol. cada dia encontram um murmúrio lancinante nas fontes. depois da manhã ancoram os sonhos em lugares mais distantes, além de onde a memória poderia um dia relembrar. soltei a língua para falar de vós. balbuciarei palavras rudes, poéticas ou entrelinhas. dizendo histórias dos dias passados nas vossas vidas. cem histórias não chegam para contar a todos o que um dia vivi, ao vosso lado, memoráveis amigos. berlim_30.07.2008