Friday 12 February 2010

abri o espírito à loucura


abri o espírito à loucura de mergulhar no campo emocional complexo e disperso. cada amigo, uma pérola a fractalizar. quando telefono à minha mãe, deixa de ser amiga e passa a ser um inimigo a abater. confuso este sentir ambíguo. desde sempre está um amigo, outras uma projecção raivosa, surpreendente desgosto, numa sensação extrema destabilizadora. corrupção simples do sorrir. um partido corrupto sem ambições e magnânimo. entrego-me, falo e sinto um amor imenso, pelo senhor do café. as mulheres falam de roupa, coisas fúteis, como o número de prateleiras da cómoda e o lugar onde colocam as cuecas e peúgas. e eu aqui, procurando a simbologia do espaço a justificação do tempo e a personificação dos animais, como o veado dourado, a tartaruga ou a lagartixa. cada palavra um mito, escondo as passagens do tempo, validado num casebre sombrio e gasto pelos anos de prisão à chuva, ao vento. promessas de uma viagem. entrego-me ao movimento perpétuo da dança universal. tento de relance descodificar os significados submersos nas conversas da mesa ao lado, numa tentativa sôfrega de compreender, ou até o mundo, como na vida secreta das imagens. cada encontro uma entrada. cada saída um golpe violento no estômago vazio das crianças, criadas pelo dissabor, ausentes dos dias sem medo, das passagens para o outro lado do espelho, como na história da Alice. a passagem é uma descoberta dos dias que se tornam vida, desligados das histórias missivas, dos romances absurdos e macilento, dos contos passados à lareira de inverno. um amigo, uma promessa de ajuda e os papeis se invertem em direcção ao encontro jovial e fraterno. lentamente, ao sabor destas palavras, o café esvaziou-se e ficou uma música: `tenho todo o tempo para ti´ e depois da palavra proibida, recessão, resta o amor, pois o material é efémero. porto_08.10.2008

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